Teresa Caldas

A técnica da ásana é importante e precisa ser aprendida. Mas a integração, a unidade entre corpo, mente e alma, a compreensão da “paisagem” do corpo, a calma da mente para poder trabalhar com o corpo em vez de contra ele, precisam ser sentidas e compreendidas. Isso leva tempo. Isso levou-me a sentar e meditar: simplesmente ser e estar. Com a meditação, veio a quietude da mente, a possibilidade de "desfazer o corpo" (não fazer – relaxar) e ver além. Somente com esses elementos podemos entrar numa prática de yoga plena e intensa, com calma mental, corpo relaxado e coração aberto!

A minha contínua procura na yoga foi parcialmente instigada por uma Sutra de Patanjali: “A postura é estável e agradável”. Isso intrigou-me tremendamente, pois o que eu sentia era tudo, exceto estável e agradável. Precisei de procurar durante muito tempo, mas valeu a pena. Precisamos praticar e aprender com nós próprios. É preciso disciplina e força de vontade, é preciso devoção, que é um estado de coração, e é preciso acreditar, que é algo que vem com a prática e é confirmado pela prática: seja na meditação, na pranayama ou na asana.

O que transmitimos é o fruto dos nossos professores, da sabedoria dos nossos amigos, dos livros que lemos, das informações e observações que fazemos e, finalmente, como esse conhecimento é absorvido e utilizado na yoga/vida, diariamente.

Antigamente, um guru tinha apenas um pequeno grupo de discípulos durante toda a sua vida. Eram escolhidos de acordo com sua formação, saúde, religião, etc., e desde muito cedo aprendiam a arte da Yoga. Esses gurus alcançaram a libertação enquanto estavam confinados em seus corpos. Eles eram efêmeros/etéreos e realizaram os feitos mais incríveis. O último desses grandes mestres foi Sri Krishnamacharya (1883-1987). Ele foi o distinto professor e guru de Pattabhi Jois (Ashtanga Yoga), B.K.S. Iyengar (Iyengar Yoga) e T.K.V. Desicachar (Viniyoga). Creio poder dizer que essas três linhas juntas (o movimento, a precisão e um estado de coração aberto) são o que hoje chamamos de Vijnana Yoga.

Finalmente, comecei a compreender melhor os textos de yoga. Como desvendá-los ( Upanishads, as Sutras e outros), como descobrir alguns dos segredos ocultos, como integrar ensinamentos tão profundos. Isto abriu outra porta para o eu e para a possibilidade de aceder a um conhecimento que pode ser infinito. Tenho certeza de que o yogui do meu primeiro livro conhecia esses segredos!

Ensino há quase 40 anos. Em outubro de 1995, abri meu estúdio de yoga – Studio Asana – em Amsterdão, onde dei aulas, workshops e fiz Cursos de Formação de Professores. Hoje, estou em Portugal e dou aulas regularmente no meu estúdio em Silves. É o meu lugar de privilégio e dou as boas-vindas a todos. Estou muito grata a todos os meus professores.